O Fórum Econômico Mundial é uma iniciativa da organização não governamental privada, presidida por Klaus Martin Schwab ainda na década de 70, no contexto das crises econômicas com o fim de padrões definidos em Bretton Woods e do choque do petróleo.
Sua intenção é juntar empresários e indivíduos de grande importância para a economia mundial para que possam discutir as crises, as ameaças e as possíveis soluções de forma mais integrada.
Em outras palavras, este Fórum Econômico trata-se de uma espécie de clube dos ricos para coordenar ações e previsões sobre as crises que afetariam o sistema econômico e produtivo, bem como também busca discutir propostas de novos caminhos.
Com isso, vale destacar que seu escopo de temas e participantes se expandiram com o tempo, incluindo celebridades influentes, conflitos armados e negociações de acordos de paz pontuais. O evento mais conhecido, realizado pela organização, é o encontro que ocorre em Davos, logo no início do ano.
Esse evento conta com a participação de empresas, autoridades governamentais, organizações da sociedade civil e pesquisadores acadêmicos. Nesse encontro em Davos, o Brasil ganhou uma importância diferente por ser o primeiro evento de grandes proporções que um governo recém-empossado pôde participar.
Além desse evento, ocorrem também durante o ano outros fóruns e atividades relacionadas ao tema da economia e que estão espalhadas pelo mundo, como encontro de jovens líderes e fóruns temáticos ou regionais.
No início dos anos 2000 foi criado um evento paralelo que se contrapunha ao Fórum, de modo que protestava contra o modelo de globalização proposto. O Fórum Social Mundial ocorre com grande participação popular e tem como intuito debater novos caminhos e possibilidades de organização social em um mundo que constantemente muda.
Críticas ao encontro de Davos
Crítica sobre o clima e o meio ambiente: ao mesmo tempo em que são apresentadas propostas de preservação com compensação financeira e investimentos em modelos econômicos mais “verdes”, o fluxo de aeronaves privadas e a organização do evento deixam uma pegada de carbono bastante grande e pouco dita.
Além disso, não sugerem nada para diminuir esse fator ambiental. Vale lembrar que o estudo desse impacto foi realizado pelo Greenpeace, uma das ONGs interessadas pela preservação ambiental.
Outra critica ao evento é a forma como colaborou para criar uma “elite econômica” que se autopromove, uma vez que é desconectada do restante da população e raramente debate e toma ações efetivas para combater os maiores problemas econômicos da sociedade. Essa falta de conexão faz com que o evento seja visto apenas como um espetáculo pouco produtivo onde se discute o Metaverso, mas não as consequências no mercado de trabalho com a adoção da inteligência artificial e o crescente corte nas chamadas Big Techs.
Em outras convenções, como as COPs, existem a ameaça dos lobistas em controlar a agenda, no que se reuni em Davos, e isto é ainda mais susceptível, devido à opacidade dos convites, da forma como os membros são escolhidos e toda a estrutura financeira da organização. Um dos problemas dessa opacidade, para além das críticas quanto à responsabilização e às boas práticas, é abrir espaço para teorias da conspiração sobre como essa “elite” se organiza para comandar o mundo.
Múltiplas Crises em 2023
A retomada do crescimento econômico ainda sofre com os impactos da pandemia na cadeia de produção e a invasão da Ucrânia pela Rússia. Essas situações acabaram influenciando crises como a inflação crescente em diversos países, tanto pela cadeia de produção comprometida quanto pela alta do custo com energia. A retomada pode até mesmo ser mais curta do que o previsto inicialmente e a ameaça de recessão espalhada pelo mundo é apontada como bastante realista para o ano de 2023.
Especialistas elaboraram uma pesquisa apontando que, para 18% dos entrevistados, é bastante provável que o ano de 2023 seja marcado por uma recessão global com países apresentando dificuldades de mensurar e implementar políticas monetárias eficientes e capazes de combater na medida certa a inflação. O debate sobre os juros e o impacto no fluxo de capitais será bastante presente nos próximos meses.
Novamente, com a volta desses temas para a agenda, os projetos para o meio ambiente e outros desafios considerados de longo prazo acabam ficando em segundo plano. Com isso, há uma prevalência de temas com impacto direto na segurança internacional que afetam diretamente os países mais desenvolvidos.
Participação brasileira
A participação brasileira, com destaque para Fernando Haddad e Marina Silva, foi uma amostra da importância dos avanços que podem ser feitos na chamada “Economia Verde”.
O país voltou a buscar o protagonismo possível nessa matéria dado o seu histórico de avanços na preservação ambiental e a enorme biodiversidade presente em seu território. Um dos resultados práticos dessa retomada foi o contato com o governo alemão e a retomada do fluxo de capitais para o Fundo Amazônia, já retomado com a grande participação da Noruega. Para o país, neste caso o Brasil, também foi a chance de se apresentar na arena internacional após a mudança de governo com as eleições de 2022.
Texto escrito por João Guilherme Grecco
Formado em Relações Internacionais e grande entusiasta da carreira diplomática. Estudou para o Concurso de Admissão a Carreira Diplomática (CACD) e atualmente é colunista do Jornal Zero Águia.
Fontes
Disponível em:
Acessado em 04-02-2023
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Acessado em 30-01-2023
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