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Foto do escritorEliézer Fernandes

Guerra da Ucrânia: Crise humanitária e fluxo de refugiados

Atualizado: 5 de out. de 2022

Após mais de um mês de guerra, o conflito tem deixado cicatrizes profundas no povo ucraniano. Mais de dez milhões de pessoas já tiveram que se deslocar de suas casas, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Uma mulher chora enquanto conforta seu filho ao saber que terá de sair do ônibus de evacuação por uma questão de logística. Lviv, Ucrânia, 5 de março de 2022. Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach

Com diversos relatos de violência contra civis, muitos ucranianos estão fugindo das zonas de combate, temendo pela vida. Um reflexo dos conflitos desde o início da história humana, o deslocamento forçado de pessoas é hoje uma das principais consequências da invasão russa na Ucrânia. Para onde essas pessoas estão indo? Qual é a situação destas pessoas e como elas estão fazendo para se refugiar tanto dentro da Ucrânia como em outros países? Tentaremos responder algumas destas perguntas neste artigo, analisando também o contexto dessas movimentações em um território assolado pela guerra.


Para onde se deslocam os ucranianos em fuga?


Os número mostrados abaixo são baseados em uma pesquisa realizada pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) entre 9 e 16 de março deste ano.


Das 2.000 pessoas deslocadas internamente:

  • Em torno de 30% vieram de Kiev, mais de 36% fugiram do leste da Ucrânia e 20% vieram do norte do país.

  • Em torno de 40% se locomoveram para o oeste da Ucrânia, com menos de 3% em Kiev.

  • Apenas 5% deixaram suas casas em antecipação à invasão, com a grande maioria fugindo no início da guerra ou quando os conflitos atingiram suas cidades.

  • A OIM estima que mais da metade das pessoas deslocadas internamente são mulheres, e muitas são consideradas particularmente vulneráveis porque estão grávidas, têm deficiência ou são vítimas de violência.


O que está sendo feito para as pessoas que fogem dentro da Ucrânia?


A ONU, que está trabalhando ao lado de outras organizações para fornecer ajuda às pessoas na Ucrânia, informa que está oferecendo assistência humanitária "sempre que

necessário e possível". Isso inclui:


  • Fornecer dinheiro para as pessoas com intuito de suprir o básico, como comida e aluguel.

  • Entregar suprimentos de oeste a leste, incluindo alimentos e lonas para casas danificadas por bombardeios.

  • Fornecer camas dobráveis para pessoas em abrigos antiaéreos.

  • Criação de pontos de recepção e trânsito para pessoas deslocadas internamente.

Além dos 6,5 milhões de pessoas que deixaram suas casas, acredita-se que cerca de 12 milhões estejam retidas ou incapazes de deixar as áreas afetadas pelos combates.


Para quais países os refugiados da Ucrânia estão indo?


Os refugiados também estão se deslocando para países vizinhos a oeste, como Polônia, Romênia, Eslováquia, Hungria e Moldávia.


Um relatório da ONU, datado de 27 de março, relata que 3,6 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia:

  • Polônia acolheu 2.293.833 refugiados

  • Romênia 595.868

  • Moldávia 383.627

  • Hungria 354.041

  • Eslováquia 275.439

  • Rússia 271.254

  • Bielorrússia 9.075

Algumas pessoas viajaram da Moldávia para a Romênia e, portanto, estão incluídas no total de ambos os países, diz a ONU.


Como os refugiados estão deixando a Ucrânia? Como eles são recebidos?


Os trens em direção à fronteira da Ucrânia estão lotados e há longas filas de carros nas estradas que saem do país.


Os refugiados não precisam de todos os seus documentos oficiais, mas são orientados a fornecer documentos de identificação ou passaportes, certidões de nascimento das crianças que viajam com eles e documentação médica.


Para obter o status de refugiado, eles precisam ser cidadãos ucranianos ou pessoas que vivem legalmente na Ucrânia, como estudantes estrangeiros.


Nos países que fazem fronteira com a Ucrânia, os refugiados podem ficar em centros de acolhimento, se não puderem ficar com amigos ou parentes. Eles recebem alimentação e cuidados médicos, além de informações sobre viagens posteriores.


A União Europeia concedeu aos ucranianos que fogem da guerra o direito de permanecer e trabalhar em seus 27 países membros por até três anos. Eles também receberão assistência social e acesso a moradia, tratamento médico e escolas.


O governo da Polônia, que recebeu o maior número de refugiados, disse que precisará de mais dinheiro do que a UE está oferecendo atualmente para receber o número de pessoas que chegam ao país, e a Moldávia, que tem de longe a maior concentração de refugiados per capita, também pediu ajuda internacional para lidar com o número de pessoas cruzando as fronteiras.


Violência contra civis


Desde o início da invasão russa, houve uma escalada da violência contra civis na Ucrânia. Há um grande número de relatos ​​de ataques indiscriminados direcionados a civis, bem como outras atrocidades. As forças da Rússia destruíram prédios de apartamentos, escolas, hospitais, infraestrutura, veículos domésticos, shopping centers e ambulâncias, deixando milhares de civis mortos ou feridos. Muitos dos locais atingidos pelas forças da Rússia foram claramente identificados como sendo usados ​​por civis. Isso inclui a maternidade de Mariupol, como o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos observou expressamente em um relatório de 11 de março, e também inclui um bombardeio que atingiu o teatro de Mariupol, quea havia sido claramente marcado com a palavra “дети” – russo para “crianças” – em letras enormes visíveis do céu.


A cada dia que as forças da Rússia continuam seus ataques, o número de civis inocentes mortos e feridos, incluindo mulheres e crianças, aumenta. Em 22 de março, oficiais da cidade sitiada Mariupol disseram que mais de 2.400 civis haviam sido mortos somente naquela cidade. Sem incluir a devastação de Mariupol, as Nações Unidas confirmaram oficialmente mais de 2.500 vítimas civis, incluindo mortos e feridos, e enfatiza que o número real é provavelmente maior.


Esse cenário cria consequências catastróficas para a região, porque o pânico gerado pela violência aumenta o deslocamento de pessoas e causa inúmeros problemas de infraestrutura tanto na Ucrânia como em países vizinhos, problemas esses que muito provavelmente irão se estender muito depois que a invasão acabar.

 

Fontes:


Reportagem da BBC com os números reportados pela ONU: https://www.bbc.com/news/world-60555472


Declaração do Departamento de Estado dos EUA sobre os crimes de guerra: https://www.state.gov/war-crimes-by-russias-forces-in-ukraine/

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