Nesta semana, o vídeo brutal da morte do refugiado congolês Moïse
Kabagambe (24) viralizou nas redes sociais, nele, Kabagambe aparece sendo
espancado até a morte por 3 homens em um quiosque na Barra da Tijuca ,
zona oeste do Rio. O fato reacendeu a discussão sobre o racismo no Brasil e a
banalização da violência na sociedade, sobretudo com pessoas pretas.
Um dos homens que participou do espancamento que matou Kabagambe
chegou a declarar à polícia que precisava “extravasar a raiva” naquele dia e
outro que “tinha a consciência tranquila” pelo que fez. As declarações
demonstram uma frieza e nenhum arrependimento pelo modo como foi tirada a
vida de uma pessoa em um ponto com grande circulação de pessoas e visto
como um dos mais seguros para o turismo carioca.
A banalização da violência, em estados como Rio de Janeiro - com números
que aproximam-se de uma Guerra Civil – principalmente com a camada mais
pobre e preta da população brasileira nos relembra os inúmeros assassinatos
que estampam os jornais diariamente. Segundo o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), no estudo realizado intitulado “Vidas Perdidas e
Racismo no Brasil”, o percentual de negros assassinados no Brasil é 132%
maior do que o de brancos. Poderíamos analisar o assassinato de Kabagambe
como algo fora desta linha? E se Kabagambe fosse um refugiado de algum
país europeu e tivesse uma pele clara, teria sido espancado de modo tão brutal
como foi?
O racismo no Brasil anda lado a lado com as estatísticas da violência que
aumentam cada vez mais, sobretudo nos grandes centros urbanos em que a
camada mais empobrecida se aglutina com pouco ou nenhum lazer,
saneamento básico e educação nas comunidades. Soma-se a isso, estas
pessoas que se tornam “invisíveis” aos olhos do poder público, abre uma
valiosa oportunidade de recrutamento para o crime organanizado, que tem seu
caminho livre para formar suas facções com extrema facilidade.
Impacto internacional
A Organização das Nações Unidas pediu à Justiça rapidez e transparência na
investigação do assassinato de Kabagambe, disse ainda que a família deve
ser reparada. E, já dizia Elza Soares “a carne mais barata do mercado é a
carne negra que vai de graça para os presídios e para debaixo do plástico”.
Será que de fato as vidas negras importam ou tornou-se apenas uma frase do
marketing social para as inúmeras campanhas antirracistas que se espalham
sem nenhum ou pouco propósito? Somente o tempo responderá, enquanto
isso, Kabagambe soma-se as estatísticas de pessoas pretas mortas no Brasil .
Texto escrito: Katiane Bispo – formada em Relações Internacionais e
especialista em Políticas Públicas e Projetos Sociais.
Site: @uma_internacionalista
Fontes:
Portal Géledes – artigo “Racismo explica 80% das causas de morte de negros no país”
Jornal Diário do Nordeste e CNN Brasil
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