É fato que Curitiba é reconhecida pelo verde espalhado pela cidade, que tem muitos parques que colaboram para evitar enchentes e minimizar danos causados pelas chuvas. Também é sabido que a capital paranaense possui mais área verde por habitante do que a OMS recomenda, o que gerou o título de “cidade verde”, se tornando referência para estudos de sustentabilidade. Mas será que fica por isso mesmo ou tem mais?
Resultado de quatro décadas de legislação e aplicação de políticas públicas municipais preocupadas com a sustentabilidade e preservação de áreas verdes no presente e futuro, os parques foram a solução para evitar alagamentos, pois eles atuam como reservatórios de água e contribuem na minimização de danos, além de assoreamento, poluição dos rios e impedem a ocupação irregular em suas margens além de servirem ao bem estar da população.
Curitiba possui aproximadamente setenta metros quadrados de área verde por pessoa, muito acima dos doze metros quadrados ideais previstos pela OMS (Organização Mundial da Saúde), resultando em mais de 13 milhões e 899 mil m2 de áreas verdes. Esta quantidade estrondosa da cidade verde é a soma das mais de mil unidades de Conservação da Prefeitura, distribuídas entre parques, bosques Nativos e Relevantes, Bosques em propriedades particulares, bosques de Conservação da Biodiversidade Urbana, Jardim Botânico, Zoológico, centenas de árvores de rua e de praças, largos, pequenos jardins, jardins ambientais, eixos de animação (locais que podem ser cuidados por pessoas físicas ou jurídicas), Áreas de Proteção Ambiental e Estações Ecológicas, Reservas Particulares do Patrimônio Natural Municipal (RPPNMs) e o Museu de História Natural Capão da Imbuia. Todo este ativo ambiental colabora com o desenvolvimento e preservação da fauna local, estima-se que abrigam mais de 350 espécies de animais silvestres.
Há indícios que o português Raphael Pires Pardinho, que é homenageado em uma das praças da cidade, foi a primeira autoridade a se preocupar com o meio ambiente e sustentabilidade de Curitiba, determinando aos habitantes alguns cuidados com a natureza, como ter a obrigação de limpar o Ribeiro (atual Rio Belém), evitando a concentração de água em frente à igreja matriz, também decretou que as casas deveriam ser cobertas por telhas e não poderiam ser construídas sem autorização da Câmara, as ruas que já tinham sido iniciadas deveriam ser continuadas e aos poucos as pessoas se tornaram mais conscientes sobre cortes de árvores, assim como Raphael Pires visionava o crescimento da região com sustentabilidade econômica.
A sustentabilidade da cidade foi desenvolvida durante anos com as ações conjuntas de peças fundamentais para o resultado: todos habitantes, órgãos públicos e privados. A fama da cidade sustentável se espalhou nacionalmente e internacionalmente e, conforme consta no site Estúdio Folha da Uol (EFU), Curitiba possui destaque nos rankings das cidades mais inteligentes do Brasil, da América Latina e mundial. Recentemente foi apontada como a cidade mais sustentável da América Latina e a 14º do mundo pelo ranking de Cidades Sustentáveis desenvolvido pela Corporate Knights que analisou 50 cidades do mundo, o resultado foi publicado na revista canadense Corporate Knights.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Ao observar o IDSC-BR (Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades) pela ferramenta lançada no início de julho de 2022, Curitiba recebeu a pontuação de 60.12, ficando em 104ª posição comparando com todas as cidades do país, 3ª ao observar apenas as capitais dos estados e 3ª do estado do Paraná. Este resultado foi influenciado por quesitos que requerem grandes desafios para a cidade sendo eles:
“Erradicar a fome”, “Saúde de qualidade”, “Educação de Qualidade”, “Igualdade de Gênero”, “Reduzir as desigualdades”, “Cidades e Comunidades Sustentáveis” (indicador baseado em moradia e transporte de pessoas de baixa renda, mais detalhes(1)), “Paz, justiça e Instituições eficazes”; e alguns desafios para “Erradicar a pobreza”, “Água potável e saneamento”, “Energias Renováveis e Acessíveis”, “ Trabalho digno e crescimento econômico”, “Produção e consumo sustentáveis” (coleta e recuperação de resíduos, mais detalhes(2)), “Proteger a vida terrestre” (áreas florestadas naturais, conservação de proteção integral e uso sustentável, mais detalhes(3)), “Parcerias para a implementação dos objetivos”.
E ainda observando o IDSC-BR, a capital paranaense tem grande destaque positivo com os ODS’s (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) comprometidos com a ONU (Organização das Nações Unidas) com “Indústria, Inovação e Infraestruturas”, “Ação Climática” e “Proteger a vida marinha” que já estão cumpridos (é necessário que permaneça assim para a “conclusão” da meta).
Curitiba, segundo EFU, se tornou referência para estudos sobre sustentabilidade e responsabilidade social corporativa servindo de modelo para outras cidades sustentáveis e está ampliando o incentivo de desenvolvimento urbano, sustentabilidade, tecnológico e ao empreendedorismo com diversas iniciativas que colocam Curitiba como referência em Cidades Inteligentes já preocupada com as áreas que apresentaram maiores desafios do IDSC-BR realizando as ações:
Novo Inter 2: frota de ônibus elétricos e pontos de ônibus autossustentáveis com wi-fi gratuito e energia solar.
Projeto caminhar melhor: melhoria da acessibilidade e promoção da mobilidade ativa.
Bairro novo do Caximba: primeiro bairro inteligente do Brasil com boas práticas ambientais e moradias para mais de mil famílias contando com estímulo à economia circular com capacitação dos moradores.
Energia renovável: até 2023, 60% da energia consumida pelos equipamentos municipais serão renováveis e geradas pelo município.
Tecnoparque: ao pensar na sustentabilidade empresarial, realizou o primeiro parque de software do Brasil reunindo mais de 110 empresas, no qual elas recebem o incentivo de redução de 2% a 5% de Imposto Sobre Serviços (ISS).
Redesim: tem a finalidade de facilitar a abertura de um negócio, reunindo diferentes órgãos de uma empresa (secretarias municipais, Junta Comercial e Receita Federal).
Muralha digital, policiamento aliado a tecnologia da informação: a Central de Controle Operacional é conectada a cerca de 1.400 câmeras instaladas em locais estratégicos em viaturas e nos uniformes da Guarda Municipal.
Fala Curitiba: programa onde o cidadão colabora na decisão de quais áreas receberão investimentos de recursos públicos, conforme a ODS nº11 que é “tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.”
Curitiba app: que reúne mais de 600 serviços municipais.
Programa de agricultura urbana: inaugurada em 2020, a Fazenda Urbana ocupa área de mais de 4 mil m2 com plantios de alimentos sem agrotóxico e serve de cenário para cursos gratuitos de cultivo de hortaliças. O programa também inclui 115 hortas urbanas e o projeto Jardins de Mel que possui diversas colmeias em várias regiões da cidade, enfatizando a importância das abelhas para o equilíbrio da biodiversidade do planeta.
Desta forma, Curitiba tem o propósito de firmar os cinco grandes pilares de inovação:
Reurbanização e sustentabilidade
Educação empreendedora e digital
Tecnologia
Integração e articulação do próprio ecossistema de inovação
Governança, legislação e incentivos fiscais
Essas iniciativas do Vale do Pinhão - que já atendem os requisitos ODS’s – visa melhorar a qualidade de vida dos moradores e empreendedores de Curitiba. “Curitiba vem ganhando destaque como um lugar voltado para o futuro, de forma inteligente, sustentável e humanizada.” Segundo Cris Alessi, presidente da Agência de Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, para EFU.
Além disso, a prefeitura de Curitiba incentiva moradores terem árvores plantadas e a preservarem dentro dos limites do lote com redução no IPTU, são necessários o cadastramento e a aprovação.
O que você achou sobre a sustentabilidade de Curitiba? Você acha que todos os prefeitos deveriam incentivar os moradores a terem e preservarem árvores em seus lotes? Conte-nos já a sua opinião nos comentários.
Notas
1) Quesito da IDSC considera “Cidades e comunidades sustentáveis” sendo: Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Através de:
Percentual da população de baixa renda com tempo de deslocamento ao trabalho superior a uma hora;
Mortes no trânsito;
População residente em aglomerados subnormais;
Domicílios em favelas;
Equipamentos esportivos;
Percentual da população negra em assentamentos subnormais.
2) Quesito da IDSC considera “Consumo e produção responsáveis” sendo: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. Neste, apesar de ter 3 indicadores, apenas um foi reprovado: Recuperação de resíduos sólidos urbanos coletados seletivamente. Os indicadores aprovados deste quesito são: Resíduos domiciliares per capita; População atendida com coleta seletiva.
3) Quesito da IDSC considera “Proteger a vida terrestre” sendo: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. Com os indicadores:
Taxa de áreas florestadas naturais;
Unidades de conservação de proteção integral e uso sustentável; sendo este atendido parcialmente.
Grau de maturidade dos instrumentos de financiamento da proteção ambiental; sendo este atendido
Texto escrito por Fabiana Mercado
Pós graduada em Comunicação e Marketing Digital, formada em Publicidade e Propaganda, acumula mais de 9 anos na área, colunista do Zero Águia, curiosa, preza o respeito a todas as pessoas independente de características. Nas horas vagas pratica corridas com o apoio da equipe Superatis. Adora conhecer novas pessoas e lugares, ama viajar e possui um projeto denominado Desbravando Capitais com o marido para morar e vivenciar durante um mês em todas as capitais brasileiras nos próximos anos.
Fontes:
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