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João Pessoa Nega, Ariano Suassuna também

Nascido no dia 24 de janeiro de 1878 na cidade de Umbuzeiro, na Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, mais conhecido como João Pessoa, filho de Cândido Clementino Cavalcanti de Albuquerque e Maria de Lucena Pessoa, irmã do ex-presidente do Brasil Epitácio Pessoa, estudou no Liceu Paraibano na capital do estado da Paraíba, e em 1894 iniciou sua jornada no 27º Batalhão de Infantaria.


João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque
João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque

Em seguida se mudou para o Rio de Janeiro onde estudou na Escola Militar da Praia Vermelha, porém já era considerado revolucionário e foi transferido para Belém do Pará e em seguida desligado da carreira militar no Exército.





João Pessoa se formou em direito em 1903 pela Faculdade de Direito do Recife – uma das duas primeiras faculdades de direito do país. Lecionou, exerceu advocacia e foi delegado de ensino na atual capital pernambucana até 1910, momento em que se mudou para o Rio de Janeiro onde foi nomeado representante da Fazenda do Estado, participou no processo para o melhoramento do porto desapropriando alguns terrenos. Por influência do tio Epitácio Pessoa em 1913 se tornou auditor da Marinha e em 1920 foi ministro civil do Supremo Tribunal Militar.


Casado com Maria Luísa de Sousa Leão Gonçalves e cercado de pessoas influentes na política, tanto pelo sogro promotor e político Sigismundo Antônio Gonçalves quanto pelo tio ex-presidente do Brasil Epitácio Pessoa, João Pessoa optou por seguir a carreira política. Em junho de 1928 através do Partido Republicano foi eleito para presidente (governador) do estado da Paraíba.


João Pessoa e a política


Existem relatos que durante seu governo João Pessoa conseguiu reduzir a sonegação de impostos, equilibrar a economia do Estado e estimular a agricultura e a indústria, promover reforma na estrutura político-administrativa, instituir a tributação sobre o comércio entre o interior paraibano e o porto de Recife causando descontentamento entre fazendeiros do interior, além de combater as oligarquias locais e ser contrário aos interesses de grupos tradicionais, embora sua origem fosse de família de oligarcas. Entre as diversas obras que realizou se destacam a Av. Epitácio Pessoa, uma das principais da capital, e o porto de Cabedelo que é importante para o estado.


Em um contexto de instabilidade política e crises econômicas do período conhecido como República Velha (1889-1930), o país era governado por uma oligarquia, representada principalmente pelos cafeicultores paulistas e pelos grandes latifundiários do estado de Minas Gerais. Esse sistema político era caracterizado pelo chamado “voto de cabresto”, em que os coronéis exerciam controle sobre o voto dos eleitores, garantindo a permanência no poder das elites agrárias da política “Café com leite” (onde políticos de São Paulo “café” e Minas Gerais “leite” se revezavam na presidência).


No aspecto econômico, o Brasil era fortemente dependente da exportação de produtos primários, principalmente o café, que representava a principal fonte de receita do país. Essa dependência econômica tornava a economia brasileira vulnerável às flutuações dos preços internacionais desses produtos, o que resultava em ciclos de prosperidade seguidos por períodos de recessão. Além disso, a concentração fundiária e a exploração desigual dos recursos naturais agravavam as desigualdades sociais no país.


Eleições de 1930 e morte de João Pessoa


Júlio Prestes foi indicado por Washington Luís para lhe suceder, com o incômodo gerado de que o estado de São Paulo continuaria no cargo caso Júlio Prestes vencesse, João Pessoa se candidatou a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas e teve o apoio do mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrade formando uma união entre os estados do Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais se tornando a Aliança Liberal. Em clima ardente, nas eleições do dia 1 de março de 1930, com vinte estados elegíveis, Júlio Prestes venceu a eleição acirrada.



João Dantas, inimigo político de João Pessoa, se relacionava com uma moça da cidade de Parahyba (atual João Pessoa) e cartas confidenciais deste romance foram publicadas em um jornal de alta veiculação. Dantas acreditou que essas cartas foram ao público devido a João Pessoa, que estava revoltado pela derrota na eleição.


No dia 26 de julho de 1930 na Confeitaria Glória em Recife/PE, Dantas o assassinou. Influente que era, o assassinato de João Pessoa desencadeou a revolução de 1930. O povo sulista enfurecido apoiou Getúlio Vargas, que saiu com vitória nesta revolução contra Washington Luís. Júlio Prestes não assumiu o governo.



A Parahyba, capital do estado da Paraíba, que foi fundada com o nome de Nossa Senhora das Neves às margens do rio Sanhauá em 05 de agosto de 1585, no dia comemorativo da santa Nossa Senhora das Neves (milagrosa santa que fez cair neve em uma região na Europa em pleno verão ardente) que posteriormente recebeu outros nomes sendo Filipeia de Nossa Senhora das Neves (ou Filipeia), Frederica (ou Frederikstad), recebeu o nome de João Pessoa em homenagem ao político e uma nova bandeira, ainda a atual do Estado, foi criada com simbolismos homenageando-o.


A faixa preta simboliza o luto e a grande faixa vermelha representa o sangue de João Pessoa. Essas cores também representam as cores da Aliança Liberal. A frase “Nego” (tempo presente do verbo negar) foi dita por João Pessoa ao negar a continuação da política café com leite e a vitória de Júlio Prestes.


Até a reforma ortográfica da língua portuguesa de 1971 havia o acento agudo na palavra “Négo” na bandeira.


João Dantas foi preso junto com seu cunhado Augusto Caldas – existem relatos de que este era inocente. Em 06 de outubro de 1930, na Detenção de Recife (Casa da Cultura de Pernambuco), ambos foram chacinados por oito homens que participavam da revolução na atual capital pernambucana.

João e o pessoa Suassuna


Acusado de cúmplice do assassinato de João Pessoa, João Suassuna que era advogado, deputado federal, governador antecessor no Estado da Paraíba e opositor a João Pessoa, foi morto quando seu filho, o famoso escritor Ariano Suassuna só tinha três anos. Ariano buscou decifrar os motivos do assassinato do pai e costumava dizer que a morte do seu pai foi “de forma traiçoeira numa emboscada”.


Em suas obras Ariano Suassuna chegou a escrever alguns relatos buscando manter viva a memória do pai mesmo com dificuldade por ser tomado pela emoção do luto. Ariano Suassuna se negava a dizer o nome da capital Paraibana devido ao luto por seu pai. Na sua obra “Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” , elaborada por mais de duas décadas consta a presença do pai como Dom Sebastião I, rei de Portugal que desapareceu em uma batalha e nunca mais retornou mesmo que se estimasse um retorno.



Texto escrito por Fabiana Mercado

Pós graduada em Comunicação e Marketing Digital, formada em Publicidade e Propaganda, acumula mais de 9 anos na área, colunista do Zero Águia, curiosa, preza o respeito a todas as pessoas independente de características. Nas horas vagas pratica corridas com o apoio da equipe Superatis. Adora conhecer novas pessoas e lugares, ama viajar e possui um projeto denominado Desbravando Capitais com o marido para morar e vivenciar durante um mês em todas as capitais brasileiras nos próximos anos.



 

Fontes:













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