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Democracia Corinthiana - O Futebol contra a ditadura militar no Brasil

Atualizado: 12 de dez. de 2022


Sócrates - craque da década de 1980 e um dos atletas mais importantes da história do Corinthians. Foto: Irmo Celso/Placar.
Sócrates - craque da década de 1980 e um dos atletas mais importantes da história do Corinthians. Foto: Irmo Celso/Placar.

Em época de Copa do Mundo sempre é interessante relembrar fatos históricos do nosso incrível futebol brasileiro. E quando falamos incrível, pode não ser necessariamente um fato futebolístico, e sim um fato político. Isso é o que vamos entender hoje, que futebol e política andam de mãos dadas.


Nesta semana, no dia 04 de dezembro, relembramos o falecimento do ex-jogador Sócrates, grande craque dos anos 1980 do Corinthians, um dos maiores clubes brasileiros. Doutor Sócrates, como era conhecido por ter se formado em Medicina na USP (Universidade de São Paulo), foi e é um grande ídolo do Timão, e faleceu aos 57 anos de idade no ano de 2011. Ele foi um dos idealizadores do movimento Democracia Corinthiana, ao lado de outros ídolos do time, como Casagrande, Wladimir e Zenon. Mas afinal, o que seria esse movimento histórico?


O movimento, que durou de 1982 a 1984, foi consagrado em plena ditadura militar brasileira, e foi responsável por grandes mudanças estruturais no clube e fora dele.


O primeiro passo


Em 1981, depois de uma campanha muito ruim, a solução que alguns jogadores viam para seu time era a autogestão. Isso ajudou o Corinthians a elevar seu nível e a recuperar sua situação dentro de campo.


A primeira mudança que a Democracia Corinthiana provocou dentro do clube foi a igualdade em relação aos votos, ou seja, qualquer decisão a ser tomada dentro do clube era democraticamente eleita pelos funcionários, e todos tinham o mesmo poder de voto. Desde as contratações até as regras internas, tudo era decidido através do voto democrático.



O Futebol contra a ditadura militar no Brasil


A luta não ficou somente dentro de campo. O movimento queria que a democracia fosse para todos, e não somente dentro do Parque São Jorge, famoso estádio e reduto dos corintianos.


Os então jogadores participaram dos comícios das Diretas Já e reivindicavam a aprovação da Emenda Constitucional Dante de Oliveira que, dentre outras coisas, propunha que as eleições fossem por voto direto e democrático, algo que não acontecia desde o início dos anos 60. Inclusive Sócrates declarou que se a emenda fosse aprovada, ele continuaria no Corinthians. Porém, como sabemos da história, a emenda não foi aprovada e o jogador foi para um clube italiano.


Um grande apoio fora do futebol


Além dos jogadores que apoiavam e se uniam ao movimento democrático, a Democracia Corinthiana contava com a voz da cantora Rita Lee e o jornalista Juca Kfouri, entre outros. Uma voz importante, e que não quis receber salário pelo seu empenho, foi do grande publicitário Washington Olivetto, o mesmo que cunhou o termo Democracia Corinthiana.


Os jogadores entravam em campo com camisas por baixo da camisa oficial com os dizeres “Eu quero votar para presidente”, “Diretas Já” e outros dizeres democráticos. A campanha foi aderida, além do time completo do Corinthians, por todas as torcidas organizadas do clube.


A Democracia Corinthiana nos dias atuais


Apesar de ter durado um curto período de tempo (2 anos), a Democracia Corinthiana até hoje é referência entre os torcedores do time, e ganhou muitos simpatizantes de fora do Corinthians.


O movimento continua lutando pelo que deu a sua origem. Em um ato contra o racismo e as falas do atual presidente Jair Bolsonaro, uma grande bandeira da Democracia Corinthiana embalou protestos em São Paulo, no Largo do Batata.



O clube, em seus dias atuais, sempre relembra esse grande ato heroico de alguns jogadores politizados da época, que “contaminaram” os companheiros com seus pensamentos de democracia e liberdade, pois para eles não bastava que o movimento fosse apenas dentro do Parque São Jorge.


Até hoje o Corinthians posta em suas redes sociais grandes lembranças dos tempos de luta dos seus ídolos.


A Democracia Corinthiana é inspiração para muitas pessoas, dentro e fora do Corinthians. Sócrates, Casagrande, Biro Biro e seus companheiros queriam mais além do campo e, apesar de não ter sido quando gostariam, eles e o Brasil conseguiram alcançar a tão querida democracia, de volta aos braços do povo.






Texto escrito por Caroline Prado

Professora de Cultura Brasileira e Português para Estrangeiros, internacionalista, estudante de Filologia e Línguas Latinas, Embaixadora do Projeto Libertas Brasil na Costa Rica, apaixonada por plantas, livros e fontes confiáveis.

 

Fontes


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